sábado, 29 de agosto de 2009

BASES NA COLÔMBIA; O IMPÉRIO ESTENDE OS BRAÇOS

Entre os vários motivos alegados para explicar as 7 bases dos EUA na Colômbia, o mais importante foi esquecido. É da essência de um império mundial, ter postos militares em todos os continentes para afirmar sua força e desencorajar eventuais contestadores de sua hegemonia.
A curto prazo, os americanos não cobiçam nosso petróleo ou a bio diversidade da Amazônia, tampouco o cobre do Chile ou o gás da Bolívia. Gostariam de ver Chavez fora do governo mas não pensam em derrubá-lo como outrora fariam. Simplesmente desejam postar suas bases militares na Colômbia, em condições de atuar em toda América do Sul. Com o mesmo raciocínio que os leva a manter custosas bases no resto do mundo. É como um vizinho muito forte que flexiona seus músculos para impor respeito aos vizinhos mais fracos. Pertence à lógica dos impérios.
Quando acabou a Guerra Fria a OTAN perdeu a razão de ser. Proteger a Europa do que ? Não de uma Russia enfraquecida, é claro. Pois bem, ao contrário do que o bom senso recomendaria, a OTAN não só permaneceu como também se expandiu com a inclusão de diversos países ex-comunistas. A OTAN, como se sabe, foi criada por inspiração dos EUA, é um dos longos braços do seu império.
Nem um presidente com idéias liberais como Obama ousou mudar. Pelo contrário : nos primeiros dias do seu governo, apressou-se a informar que investiria pesado em armamentos para que os EUA continuassem a ser a maior potência militar do mundo. Prometeu sair do Iraque, mas logo acrescentou que ficariam 50 mil soldados para “treinamento e assessoria”, sem data marcada para a partida. E, ainda, para contrabalançar, anunciou aumento das tropas no Afeganistão e dos bombardeios da zona limítrofe do Paquistão.
Fez isto para sossegar os “guardiões do império”: as forças armadas, os congressistas do Partido Republicano, a burocracia e a “velha guarda”do Partido Democrata, as empresas de armamentos e mesmo o homem comum das pequenas cidades do interior, para quem a idéia de uma América super-poderosa e hegemônica é vital.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

HONDURAS: POR TRÁS DO RECÚO DE MICHELETTI

Nada convencia Micheletti, o presidente do golpe, a aceitar qualquer concessão a favor do deposto Zelaya, até que os EUA resolveram começar a pressionar de fato. Hoje, a Reuters informou que 5ª.feira o “staff” do Departamento de Estado recomendara a Hillary Clinton que o movimento que expulsou o presidente eleito fosse declarado “golpe militar”. Com isso, de acordo com a lei americana, os EUA teriam de suspender toda a ajuda concedida a Honduras, ou seja, 215 milhões de dólares.
Ameaça de peso ! E ,assim, antes mesmo da declaração oficial da Casa Branca, Michelletti apressou-se a oferecer sua renúncia e a anistia a Zelaya, o qual até então ameaçava de prisão tão logo entrasse em território hondurenho. Deixou claro, porém, que o presidente deposto não reassumiria o poder.
Foi o primeiro recuo e provavelmente será seguido por outros até chegar à proposta do presidente Arias, da Costa Rica : Zelaya volta à presidência, com um governo de “conciliação”, integrado também pelos golpistas. E nada de referendo constitucional, que era o verdadeiro fantasma a ser exorcisado, não por permitir a reeleição do presidente (o que não acontecia) mas pelas leis avançadas que prometia ensejar.O que não seria mau, nem para os golpistas, nem para os EUA. Estando as eleições muito próximas, Zelaya não teria tempo de organizar as forças que o apóiam em torno de um nome com chance de se eleger presidente. Vencedores, os partidos de direita tratariam de romper relações com a ALBA e impedir qualquer reforma na Constituição para melhorar a qualidade de vida do pobríssimo povo hondurenho

KHAMENEI NÃO É TÃO FEIO QUANTO O PINTAM

No episódio das manifestações contra as eleições iranianas, Khamenei, o Líder Supremo, foi rotulado de intransigente, autoritário, impiedoso, ditatorial, entre outros adjetivos igualmente negativos. Agora vemos que houve um certo exagêro. Ele acaba de admitir estar errado quando acusou os líderes oposicionistas de terem agido segundo planos tenebrosos de agentes americanos e ingleses. Falando à Tv oficial, admitiu que não encontrou uma única prova de ingerência ocidental no movimento de protesto.
Ditadores não costumam reconhecer seus êrros, não é mesmo?
Nossa grande imprensa, preocupada em demonizar os governantes do Irã, ignorou esta notícia.

domingo, 23 de agosto de 2009

AFEGANISTÃO ; ELEIÇÕES AMPLAMENTE FRAUDULENTAS

Foi o que constatou a Fundação por Eleições Livres e Justas, através dos seus 7.000 observadores espalhados por todo o país. Além de muitas irregularidades, encontraram grande número dos funcionários das seções atuando claramente pró-Karsai(o presidente atual) e urnas estufadas com mais votos do que eleitores.
O Times de Londres conta que, em artigo publicado hoje, numa das seções que seus enviados visitaram não apareceu um único eleitor. No entanto, os funcionários locais contabilizaram 5.530 votos. Como o Times havia chegado 1 hora depois da abertura da seção, foi lhes dito que todos os eleitores haviam votado nesse período. O que daria uma incrível média de 100 votos por minuto...
Na mesma seção, foram registrados 3.000 votos femininos. O que também provou ser falso pois, pela lei afegã, mulheres só podem votar numa seção onde haja funcionárias. Ora, naquela seção, todos os funcionários eram homens.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

FRACASSO NAS ELEIÇÕES AFEGÃS

Nem aumentar em 1 hora o prazo de encerramento das eleições afegãs adiantou...Foram um completo fracasso com 50 a 60% de abstenções, quase o dobro da apresentada na anterior. O medo dos talibãs foi uma das razões principais, especialmente nas regiões do extremo sul, onde sua força é maior. Mas, de um modo geral, a população demonstrou estar desencantada com os candidatos, todos eles favoráveis à permanência das tropas americanas.
Apesar de notoriamente corrupto, o presidente Karsai deve ganhar pois conta com o apoio da maioria dos senhores da guerra, que no medieval interior afegão são donos dos votos. Conta-se entre eles o general Dostum, assassino de 2.000 prisioneiros, convenientemente importado da Turquia, onde se refugiara, para garantir os votos dos usbeques, 10% da população.
Ainda não começaram as apurações e já surgem inúmeras denúncias de fraudes em favor do presidente. Como a comissão encarregada de supervisionar as eleições foi nomeada pelo governo, prevê-se que tais acusações não sejam levadas em conta. Assim, é bem possível que Karsai seja eleito já no primeiro turno, com mais de 50% dos votos válidos. Ou, considerando a abstenção, 20 a 25% do povo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

JAPÃO: OPOSIÇÃO CRESCE E PREOCUPA EUA

Durante 50 anos quase ininterruptos o Partido Liberal Democrático (LDP) tem dirigido o Japão, mantendo-se sempre um fiel seguidor da política externa americana.
Esse alinhamento incondicional parece prestes a acabar. Em duas pesquisas realizadas ultimamente, no início da campanha eleitoral japonesa, um adversário, o Partido Democrático do Japão(DPJ) lidera : 35% conta 16% do partido do governo, segundo a pesquisa da Toquio Shinbum, e 45% contra 21%, pela Asahi Daily.
Más notícias para os EUA. O DPJ defende uma política internacional independente. Critica o LDP pela sua submissão à Casa Branca - cujo exemplo mais dramático foi aceitar a valorização do yen para garantir competitividade à indústria americana, o que causou uma crise séria da qual o Japão custou a sair. E defende uma melhoria das relações com a China e as duas Coréias. Para completar este conjunto de teses mal vistas pelos EUA, o DPJ quer simplesmente fechar as bases americanas no Japão, considerando-as desinteressantes ao país.
Evidentemente, o cenário exibido agora pelas pesquisas pode mudar até o dia das eleições. Seja lá o que vier a acontecer, com o crescimento do DPJ,
o Japão passa de aliado garantido à categoria de problema para Washington.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

MULHERES NO MINISTÉRIO DO IRÃ; UMA FALSA REVOLUÇÃO

Ahmadinejad surpreendeu agradavelmente ao anunciar a nomeação de três mulheres para seu ministério. Parecia que ele fôra sensibilizado pelos clamores dos manifestantes reformistas de Teerã.
Doce ilusão... Duas delas (a terceira ainda não se conhece) são militantes linha dura, seguidoras do mais atrasado pensamento islâmico. Fatemeh Ajorlou, indicada para Bem Estar e Segurança Social e Marzieh Vahid Dastjerdi, para Saúde, foram deputadas que defenderam leis contra a igualdade entre os sexos, tornaram mais dificil para as mulheres requerer o divórcio, a custódia dos seus filhos e fazerem aborto. Fatemeh defende o uso do chador (manto que cobre a mulher da cabeça aos pés) – como protetor da castidade - e propôs uma lei restringindo o ingresso de mulheres nas universidades, sob alegação de que não estava havendo um “balanço” : nos últimos anos, 70% dos novos estudantes eram mulheres.
Por sua vez, Vahid opôs-se à lei que facilitaria a adesão do Irã à Convenção pela Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres.
Pelo jeito, Ahmadinejad quis agradar ao mesmo tempo à oposição reformista, nomeando mulheres, e ao situacionismo conservador, escolhendo-as entre as mais retrógadas de suas militantes.
É provável que tenha fracassado duplamente. A oposição recebeu mal as indicações que devem ainda ser aprovadas por um parlamento tão conservador que talvez não aceite mulheres ministros, ainda que tenham as credenciais das nomeadas.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

PAQUISTÃO CONDENA BOMBARDEIO COM AVIÕES SEM PILOTO AMERICANOS

No governo Bush, os EUA começaram a bombardear com aviões sem piloto a região do Paquistão fronteira ao Afeganistão para destruir as células talibãs ali localizadas. Com Obama o número desses ataques aumentou muito.
Várias vezes autoridades paquistanesas protestaram contra eles pois, além dos talibãs, muitos civis inocentes são mortos.
Ontem, Raza Gilani, o primeiro-ministro do Paquistão, em reunião com Richard Holbrooke, enviado do governo Obama, condenou formalmente o bombardeio com aviões sem piloto americanos. Alegou que estavam gerando uma elevação do anti-americanismo no país, devido às muitas vítimas civis inocentes.
Interessante que os escrúpulos anti-intervencionistas de Barack Obama não são afetados pelo bombardeio constante de um país aliado. Nem mesmo pelos protestos das autoridades desse país pois os bombardeios prosseguem.
Também é interessante notar que o argumento do primeiro-ministro Gilani contra o ataque dos aviões sem piloto não é o massacre dos civis do seu país mas sim algo que interessa aos EUA, ou seja, a necessidade de evitar o crescimento do sentimento anti-americano.
Gilani concluiu suas palavras solicitando que a Casa Branca disponibilizasse a tecnologia dos aviões sem piloto para o Paquistão proceder aos bombardeios por sua conta, o que acalmaria os brios nacionalistas da população do país. Não é a primeira vez que essa solicitação é feita. Tudo indica que continuará não sendo atendida.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

SISTEMA DE DEFESA ANTI-MÍSSEIS : UM FURO NA ÁGUA ?

O sistema de defesa anti-mísseis que o governo Bush pretendia instalar nas fronteiras da República Checa e da Polônia com a Rússia provocou desde logo o furor de Moscou. Em diversas ocasiões, o pessoal de Bush tentou convencer os russos de que não era dirigido contra eles mas sim para proteger a Europa de possíveis mísseis iranianos. Em vão, Moscou jamais aceitou esta explicação, o que estremeceu as relações entre os dois países.
Parece que foi muito barulho por nada. Revela o Pravda (não é mais um jornal comunista) que 20 dos principais físicos americanos, inclusive 10 prêmios Nobel, enviaram uma carta ao presidente Obama informando que ele deveria desistir de instalar o sistema anti-mísseis de Bush na Europa. O motivo é que ele não passara nos testes em condições de ataque a que fora submetido.
Theodore Postol, professor de Ciência, Tecnologia e Segurança Internacional no Instituto de Tecnologia de Massachussetts informou a imprensa que foram realizados testes em 1997, 1999, 200, 2001 e 2007. Em todos eles, o sistema teria falhado.
Como haviam garantido que seus anti-mísseis funcionavam, os militares do Pentágono resolveram apelar. Segundo o professor Postol, eles acabaram fazendo um teste usando como alvo um balão gigantesco, completamente fora das dimensões adequadas a uma situação real. O cientista acusou-os de negligência e incompetência diante dos sub-secretários de Defesa. Com isso, o Pentágono ficou numa saia justa.

domingo, 16 de agosto de 2009

PEDIDA INVESTIGAÇÃO DO PROGRAMA NUCLEAR...DE ISRAEL

A Liga Árabe vai propor investigação do programa atômico israelense secreto na reunião da Agência Internacional de Energia Atômica, em setembro. E mandou mensagens aos 26 países da comunidade européia pedindo seu apoio.
Nada mais justo. Num momento em que o Ocidente trata como se fosse um cataclisma a existência de um possível programa similar iraniano – negada pelos dois últimos presidentes daquela agência da ONU e pelo próprio serviço secreto dos EUA – não pode continuar oculto um arsenal que, de fato, existe, com um potencial estimado entre 150 e 200 artefatos.
Assim como Israel teme bombas nucleares nas mãos de países inimigos, a recíproca é verdadeira. Esses países acham-se no direito de saber o tamanho da ameaça. Só assim poderão propor medidas como as que Israel e seus aliados vem propondo com o mesmo objetivo : proteger-se.

sábado, 15 de agosto de 2009

AINDA O NÃO-INTERVENCIONISMO DE OBAMA

Estranha a tirada de Obama, ridicularizando aqueles que clamam contra o intervencionismo yankee na América Latina mas querem que ele intervenha em Honduras.
Na verdade, não se espera que ele mande os marines atacarem Tegucigalpa. Basta que corte relações diplomáticas e comerciais com os golpistas. Como os Estados Unidos recebem 70% das exportações de Honduras é de se crer que o governo atual hasteasse a bandeira branca rapidamente.
Se o intervencionismo da Casa Branca nos países ao sul do rio Grande tivesse sempre se limitado a esse tipo de ação, provavelmente não existiria anti-americanismo por estas bandas..

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

CHAVEZ FAZ NEGÓCIOS DA CHINA

Em 1999, o comércio da China com a Venezuela não chegava a 200 milhões de dólares anuais. Hoje vai a quase 10 bilhões. E o país tornou-se o principal parceiro de Beijing na América Latina.
A China tem no governo Chavez um fornecedor garantido de petróleo. Atualmente são exportados 400 mil barris por dia, mas a meta é chegar a 1 milhão em 2010. E há planos de se construir refinarias na China. Para a Venezuela, tudo isso é ótimo pois livra o país da dependência ao mercado consumidor americano.
Em Faja Del Orinoco, considerada a maior reserva mundial de petróleo, avaliada em 40 bilhões de barrís, os chineses estão ajudando a Venezuela a explorar esta fabulosa riqueza.
As telecomunicações e a infra estrutura hi-tech são outros setores em que a China está presente. Como na produção do primeiro celular do país. Por sinal, custa apenas 14 dólares, preço acessível ás camadas mais pobres.
A VTELCA, fabricante desse produto, é uma das 290 empresas socialistas modelares que Chavez fundou para alcançar o que ele chama de “soberania tecnológica nacional.” Nela, engenheiros chineses estão ajudando os venezuelanos a criar o primeiro computador com tecnologia própria.
Chavez aposta nesta parceria para tirar seu país do atraso. Tem chance por que seu parceiro é forte.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

CONCESSÕES A ISRAEL: NEM OS ALIADOS DOS EUA TOPAM

Primeiro foi Hillary Clinton (sempre ela) que solicitou aos governos árabes “gestos de boa vontade” em relação a Israel.
Depois George Mitchel, representante do presidente Obama no Oriente Médio, propôs um congelamento de 1 ano nos assentamentos na Cisjordânia em troca de concessões dos países islâmicos, entre as quais o virtual estabelecimento de relações comerciais com Telavive..
Por fim, 70 senadores americanos (entre 100) enviaram carta a Obama, manifestando seu desejo de que o presidente pressionasse os dirigentes desses países a “gestos dramáticos” em favor de Israel, dando como exemplo as atitudes dos governantes da Jordânia e do Egito, ao estabelecerem relações diplomáticas com Israel.
Nada disso pegou bem no mundo islâmico. A reação mais significativa partiu do mais firme aliado dos Estados Unidos, na região : a Arábia Saudita. Seu Ministro das Relações Exteriores, o príncipe Saud Al-Faisal, ponderou que Israel não merecia recompensas por interromper um programa de ações ilegais como é a expansão dos assentamentos na Cisjordânia..
Comentando o assunto, disse Chas Frreman, ex-embaixador dos EUA na Arábia Saudita :”Muitos americanos tem dito que algum gesto dos árabes favorável a Israel causaria um gesto recíproco, trazendo progressos para a paz entre Israel e os palestinos. Na verdade, nenhum dos gestos desse tipo, que já aconteceram, resultou em uma resposta positiva da parte dos israelenses.”

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O PAQUISTÃO NÃO QUER SER BOMBARDEADO

A região paquistanesa que faz fronteira com o Afeganistão é usada pelos talibãs como santuário para onde fogem depois de realizarem ações contra o exército americano.
Por isso, o governo Bush, foi atrás deles : passou a atacá-los nos seus refúgios, com mísseis lançados por aviões sem piloto que sobrevoam essa região.
Tendo Barack Obama eleito como prioritária a guerra do Afeganistão, continuou e mesmo aumentou o número de ataques. Considerando o prazo de 1 ano, a partir de agosto de 2008, foram realizados 50 raids, que deixaram cerca de 500 mortos..
O exército americano encontra-se satisfeito com os resultados da “operação aviões sem piloto.” 14 líderes talibãs foram eliminados, inclusive o seu no.1. No entanto, esta alegria não é compartilhada pelos paquistaneses pois muitos dos mortos eram civis.
Recente pesquisa do Gallup revela que o povo considera os americanos a maior ameaça para o Paquistão. 59% dos respondentes votaram assim. A seguir, vieram a Índia (inimigo histórico) com 18% e o Talibã com 11%. Ratificando esse resultado, as operações militares americanas no país foram condenadas por 67% das pessoas.
Alarmado, o governo Zardari opôs-se formalmente aos ataques dos aviões sem piloto, afirmando que eles violam a soberania do país e causam baixas entre os civis o que pode levar a opinião pública a uma posição contrária aos esforços do exército nacional para derrotar os talibãs. Não consta que o governo Obama tenha se tocado com isso.
Comentando a situação, o tenente-general Hamid Nawaz Khan declarou à Al Jazeera :”Os americanos nos forçaram a lutar nesta guerra ao terror…o que quer que eles queriam, conseguiram, pois o governo é fraco demais para resistir a qualquer dos falcões americanos...”
O povo com concorda com ele. Na mesma pesquisa Gallup, o governo Zardari foi reprovado por 43% da população, contra apenas 11% a favor e 34%, indecisos.
Se Obama pretende conquistar os “hearts and minds” dos paquistanis, vai por caminho errado. Não vale à pena liquidar talibãs, com riscos de perder o Paquistão.

OBAMA E A HIPOCRISIA

Falando na Conferência dos Presidentes da América do Norte, Barack Obama chamou de hipócritas aqueles que o criticam por não intervir de forma eficiente em Honduras :”...são os mesmos que dizem que estamos sempre intervindo e que os ianques devem sair da América Latina.”
Com isso, qualificou-se também como hipócrita. Rígido defensor do não-intervencionismo no que tange ao golpe hondurenho, Obama segue atacando o Paquistão com mísseis disparados por aviões sem piloto contra talibãs, além de continuar ocupando militarmente o Iraque e o Afeganistão.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

IRÃ : HILLARY CONFESSA INTERVENÇÃO

Foi numa entrevista, hoje, na CNN. Hillary Clinton contou que o Departamento de Estado estava “fazendo muito para realmente fortalecer os manifestantes “contra as eleições do Irã. Citou, como exemplo, pressões para a Twiter adiar uma interrupção de serviço programada. E admitiu que tudo fora feito “por trás da cortina” para evitar que os aiatolás usassem o anti-americanismo, que é muito forte no Irã, contra a oposição.
Recorde-se que , em junho, o governo Obama deu continuidade a planos dos tempos de Bush de subsídios à oposição iraniana da ordem de 20 milhões de dólares. Não se sabe qual foi a oposição beneficiada: os reformistas ou os terroristas que agem na fronteira norte do Irã.
Financiar movimentos anti-governos é uma forma de intervir nos negócios de outro país, muito própria do governo Bush que, parece, não está entre as criticadas políticas que Obama pretende mudar. E contribui decisivamente para criar um clima raivoso, nada adequado às esperadas negociações com o Irã sobre seu programa nuclear.
Aliás, Hillary, várias vezes já declarou que não acredita que essas negociações possam dar certo.
Não acredita ou não quer ?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

BLACKWATER: CRIME E CASTIGO

Há 2 anos atrás, membros da Blackwater, empresa contratada por autoridades americanas para serviços de segurança no Iraque, assassinaram 17 civis, sem justificativas, na praça de Nisour Square, em pleno centro de Bagdá.
Pelos acordos com o governo de ocupação, eles não estavam sujeitos à lei do Iraque. Os iraquianos não se conformaram. Seu governo exigiu a expulsão da Blackwater e que ela fosse processada nos Estados Unidos, segundo as leis de lá.
Como a Blackwater tinha bons amigos no governo Bush, continuou atuando no Iraque. A partir de 2009, nos termos do acordo sobre a permanência das forças americanas (o SOFA), o governo iraquiano teria autonomia para livrar-se dela. Mas a Blackwater deu um “jeitinho”: mudou seu nome para “Xe” e firmou contratos para proteção de diplomatas americanos até setembro. Agora agindo com muito cuidado pois, com o SOFA, passara a estar sob jurisdição iraquiana.
Enquanto isso, o processo contra a Blackwater, no estado de Virginia, seguiu e chegou próximo á sua decisão.
Foram apresentadas acusações de que em muitos episódios os guardas da Blackwater mataram iraquianos a tiros sem provocação.
Antigos funcionários da empresa depuseram, revelando que seu presidente e fundador, Eric Prince,”se considerava um cruzado cristão cuja missão era eliminar os muçulmanos e a religião islâmica do globo.” Acusaram também a empresa de seguir uma política de assassinatos intencionais e empregar pessoas sem qualificações e treinamento para lidar com armas mortíferas.
A Blackwater foi a maior das empresas de segurança contratadas pelo governo americano para, não apenas proteger diplomatas e empresários, mas também realizar tarefas privativas das forças armadas tais como interrogatórios (muitas vezes com torturas), investigações e treinamento. Suas ações violentas geraram revolta no povo iraquiano.
Disse o deputado Legaa AL-Yassef:”Acredito que as autoridades americanas tem a principal responsabilidade pelo que aconteceu porque a Blackwater veio ao Iraque com sua permissão.” E concluiu :”A tragédia que aconteceu para o povo iraniano em Nisour Square e outros lugares não podem ser dissociadas das forças dos EUA no Iraque. O governo americano está tentando afastar sua responsabilidade, culpando as companhias privadas.”
Farid Walid, um dos feridos em Nisour Square, é menos severo :” Eles (a Blackwater e semelhantes) são um símbolo da ocupação. Ninguem esquecerá. Mas a imagem dos americano poderá, pelo menos melhorar um pouco, se os assassinos forem postos na prisão.”
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AFEGANISTÃO: AMERICANOS CONFUNDEM PEPINOS COM ARMAS

A proibição do comandante americano de ataques arriscando a vida de civis continua sendo ignorada.
Na região de Kandahar, um helicóptero bombardeou a casa de uma família, matando 4 pessoas. A NATO insistiu que eles estavam enchendo jarros com plásticos para bombas de estrada. Os sobreviventes garantem que a família dormia e que 3 dos 4 mortos eram crianças, jamais perigosos insurgentes.
No dia seguinte, ainda em Kandahar, outro helicóptero americano lançou mísseis sobre um grupo que se acreditava ser de “militantes carregando uma van com munição.”
Foi uma pequena confusão. As munições eram pepinos e , de acordo com a política local, os “militantes” não passavam de pacíficos fazendeiros.
São fatos graves. Ainda mais grave é a reação do alto comando americano. Por enquanto, limitou-se a apoiar as justificações dos autores destes massacres ao invés de puni-los.
Assim, cada vez mais rápido, um novo Vietnam desenha-se no Oriente Médio.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

ORIENTE MÉDIO: UM ACORDO LEONINO

A Casa Branca pretende apresentar uma proposta para dar um impulso decisivo nas negociações no Oriente Médio.
Segundo Mitchel, o “pacificador” de Obama na região, os países árabes deveriam abrir escritórios comerciais em Telaviv e permitir que a El Al, a linha aérea israelense, sobrevoe seus territórios para cortar caminho nas linhas para a Ásia oriental.
Em troca, Israel congelaria seus assentamentos.
Ótimo para Israel que estabeleceria, de fato, relações comerciais com países árabes para exportação de seus produtos. A El AL também aplaudiria este generoso acordo pois economizaria centenas (ou talvez milhares) de horas de combustível por ano com a redução das distâncias a percorrer pelas aeronaves.
Já os palestinos não teriam muito a ganhar. Afinal, os últimos governos de Israel já haviam concordado (ao menos teoricamente) em ,mais do que congelar os assentamentos, interromper sua expansão de vez. É, aliás, um dos itens do “Mapa do Caminho”, a proposta de paz totalmente aceita pelos israelenses há já bastante tempo.
Resumindo : em troca da concessão de gordas vantagens, os palestinos receberiam menos do que, por acordos anteriores, já teriam direito. Na verdade, nem isso, pois Netanyu e Lieberman acham 1 ano de congelamento demais , batem o pé em 6 meses.
Depois de passar meses falando grosso com Israel, esperava-se bem mais de Barack Obama.

MANIFESTANTES DE TEERÃ COMEÇAM A SER OUVIDOS

Os gigantescos protestos populares de Teerã representavam um anseio por reformas no arcaico regime islâmico do Irã. Não foram em vão. Apesar da violenta repressão, o governo demonstra estar sensível a eles. Anuncia-se que Ahmadinejad deverá nomear uma mulher para ministro, o que representa uma verdadeira revolução no país. O presidente já demonstrara um abrandamento em suas posições ao nomear para um alto cargo ,Esfandiar Rahim Mashaie, que havia escandalizado os aiatolás conservadores declarando que o Irã era amigo do povo de Israel. O Líder Supremo, Khamenei, exigiu sua demissão, o que acabou acontecendo, embora o presidente tivesse resistido.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A DIVISÃO DO IRÃ PÕE EM RISCO A REPÚBLICA ISLÂMICA

Nos célebres “julgamentos de Moscou” da era estalinista, alguns dos principais chefes comunistas confessaram os crimes mais incríveis. Ninguém duvidava que, por traz destas revelações, existisse todo um eficiente “programa” de torturas.
Algo semelhante pode estar acontecendo em Teerã.
No julgamento de 10 líderes das manifestações contra o resultado das eleições, dois deles, Muhamad Abthai, ex-vice presidente, e Muhamad Atrianfar, ex-vice ministro do interior admitiram : sabiam que a vitória de Ahmadinejad fora limpa e conspiraram para conseguir sua anulação.
Para Moussawy, essas confissões foram obtidas depois de 50 dias de torturas medievais, configurando-se um procedimento “anti-islâmico e uma simulação.” Ele lembrou o caráter e o passado dos acusados, que prestaram grandes serviços ao país e o sistema.
A esposa de Abtahi, Fahimed Mousavinejad, garantiu que a confissão de seu marido era falsa: “As coisas que ele disse publicadas pela Fars (agência de notícias local) não eram no estilo de Abtahi”.
Por sua vez, o moderado ex-presidente Khatami disse :”O julgamento no sábado foi um show e as confissões são inválidas. O que foi chamado de “julgamento” foi uma violação da Constiotuição.” E acrescentou um argumento muito sério :”O problema mais importante do processo do julgamento é que ele não se realizou em sessão aberta. Os advogados e réus não foram informados do conteúdo das acusações antes do julgamento.”
Finalmente, um importante político conservador, Mohse Razaci, exigiu que fossem processados também aqueles que atacaram os manifestantes.
O governo não contestou essas afirmações. Limitou-se a ameaçar de prisão quem criticasse os julgamentos. E acusou (sem provas) que muitos deles mantiveram reuniões com agentes estrangeiros, especialmente ingleses.
Até agora, os grupos que mandam no Irã tem se recusado a fazer qualquer concessão. Pelo contrário : insistem em tratar os oposicionistas com mão pesada. Ameaçam, prendem, atiram, possivelmente torturam. Atacam a honra de figuras com passado respeitável e serviços significativos á república islâmica. E esse julgamento começa recheado de suspeitas sobre sua correção.
O resultado é que a república islâmica acha-se irremediavelmente dividida. E no momento mais inconveniente quando setembro se aproxima, o prazo de Obama para se iniciarem as negociações sobre o programa nuclear iraniano. As perspectivas são de que os Estados Unidos não admitirão que o programa iraniano seja pacífico e exijam a interrupção da produção do urânio puro. Forçado por exigências da política interna, Obama mudou de postura e certamente virá com ameaças de retaliações muito mais severas do que as que já foram aplicadas.
Um Irã unido, fortalecido por uma boa imagem internacional, poderia fazer frente a esta ofensiva, propondo intensas supervisões pela insuspeita Agência Internacional de Energia Atômica, que aliás é favorável a esta tese. Seria uma alternativa capaz de ser aceita, especialmente por que teria a seu favor a China e a Rússia.
Um Irã dividido, tendo cerca da metade da população em revolta contra os chefões, com a imagem suja pelos episódios pós-eleitorais, pouca chance terá de ver seu pleito aceito. E aí a pergunta que fica é : nesse contexto, que chances terá a república islâmica de sobreviver ?

BRASIL X ESTADOS UNIDOS

A presença militar americana em 5 bases na Colômbia, a 4a. esquadra e a taxa sobre o etanol, confirmada por Obama, causam atritos entre o Brasil e nossos vizinhos do norte.
Embora Washington alegue que usará as bases apenas para apoiar o exército colombiano na luta contra o narcotráfico e as FARCs, sem sair do país, não é bem assim. Documento da Força Aérea dos EUA informa que, a partir da base de Palanqueros, os aviões C-17 podem cobrir metade do Continente sem necessidade de escalas.
Parece que se trata mais de uma flexão de músculos para assustar os vizinhos rebeldes. Uma forma de ameaçá-los, sem ser explícito e evitando incorrer no desgaste que esse tipo de postura traz.
A 4ª. esquadra tem existência apenas virtual. É claro, em caso de necessidade, será formada. Sem dificuldades. Enquanto isso não acontece, não passa de uma bravata. Uma forma de lembrar a Chavez e seus amigos que o braço de Tio Sam , além de forte, é longo.
Tanto as bases americanas na Colômbia quanto a 4ª. Esquadra são bem-vindas pelos fabricantes mundiais de armas. Seja por auto-defesa, seja por pressões da opinião pública e das forças armadas locais, os países sul-americanos são estimulados a reforçar seus arsenais. Como, aliás, estão fazendo.
Quanto ao etanol, é ilusório imaginar que, nesse momento de crise, os Estados Unidos iriam deixar mal os produtores de milho do Meio Oeste, cortando as taxas que os protegem da concorrência brasileira.

domingo, 2 de agosto de 2009

OBAMA E A DEMOCRACIA BRASILEIRA

No discurso de Gana, o presidente Obama afirmou que, para haver democracia, é necessário construir instituições sólidas. Este deveria ser o alvo dos africanos.
Será que o Brasil já chegou lá?
Analisando as instituições básicas de uma democracia moderna, os chamados 3 Poderes, vemos que o Executivo e o Judiciário, de um modo extremamente geral, funcionam de acordo com seus objetivos. Bem ou mal, as pessoas que os representam procuram agir tendo em vista, respectivamente, os interesses do povo e da justiça.
Já para deputados e senadores o que vale é ampliar privilégios, nomear parentes e aliados e realizar bons negócios. Para conseguir tudo isso, o caminho das pedras passa pelo apoio à presidência, quase sempre incondicional. Nos casos em que o governo é obrigado a negociar, tudo se resolve com a concessão de mais benesses.
Não dá para dizer que o Legislativo brasileiro é uma instituição sólida.
Portanto, pelos critérios de Obama, ainda não temos um regime democrático digno desse nome.
Na verdade, mesmo nos Estados Unidos, a seriedade das instituições nem sempre é para valer.
Bush foi eleito para seu primeiro mandato porque o Supremo deles validou por 5 x 4 a eleição notoriamente irregular da Florida.

sábado, 1 de agosto de 2009

MAIS GAFES DO VICE-PRESIDENTE BIDEN

Biden continua inconveniente.
Depois do sinal verde para Israel bombardear o Irã, vieram provocações gratuitas à Russia. Biden ridicularizou a “economia encolhida” do país, predizendo um colapso do seu sistema bancário. E foi no embalo, sustentando que a Rússia procurava em vão agarrar-se a um passado que não volta, com a perda do seu império. Hoje, seria incapaz de influenciar seus vizinhos e só topava um acordo de redução de armas nucleares porque não tinha condições de conservá-las.
Os russos ficaram estarrecidos. E Obama também, considerando que ele acabava de voltar de uma viagem a Moscou, na qual fizera de tudo para criar um clima de boa vontade com os dirigentes do país de Tolstoi.
Querendo ser gentil, certa vez Biden disse :“Obama é o primeiro afro-americano articulado, inteligente, limpinho e com bom aspecto”. Do autor desta pérola podia se esperar que viessem outras semelhantes.
Como tem vindo.