sexta-feira, 22 de maio de 2009

UM GENERAL SUSPEITO NO COMANDO DO AFEGANISTÃO

Seymour Hersh, um dos mais respeitados reporteres investigativos americanos, detentor do prêmio Pulitzer, fez uma grave denúncia em entrevista ao GulfNews, de 12 de maio.

O general Stanley McCristal, recentemente nomeado comandante das tropas dos Estados Unidos no Afeganistão, teria um passado dos mais nebulosos.

Segundo Hersh, que costuma ser muito bem informado, McCristal chefiou o "Joint Special Operations Command" (JSOC), uma força militar clandestina que só prestava contas a Dick Cheney,o vice-presidentre da éra Bush. Seu objetivo ; assassinar pessoas envolvidas em atividades anti-americanas ou que estivessem planejando realizá-las.

As funções do general McChrystal incluiam ainda o comando operacional do Camp Nama, considerado pela Ong "Human Rights Watch" um dos tres centros de detenção no Iraque onde se praticava torturas indiscriminadamente. Por isso mesmo,o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, a quem cumpre monitorar as condições com que são tratados os prisioneiros, foi impedido de entrar no Camp Nama. Incidentalmente, isso é considerado crime de guerra pois esse comitê da Cruz Vermelha tem o direito de fazer suas vistorias, de acordo com a lei internacional e Convenções de Genebra.

A nomeação de um general com uma folha corrida dessa ordem está em desacôrdo com as posturas de Obama contra a tortura , a favor dos direitos humanos, e seu projeto de mudar a política americana no Afeganistão, priorizando a conquista dos corações e mentes da população. Profundamente chocados com as constantes vítimas de civís em borbardeios americanos, os afegãos tendem a favorecer os talibãs, não porque os apreciem (muito pelo contrário), mas porque sua indignação frente aos ocidentais é maior. Indignação que tende a crescer caso métodos brutais de interrogatório sejam adotados no país.

É dificil acreditar que uma política de direitos humanos, como Obama promete para o Afeganistão, pode se efetivar, tendo no comando do exército americao alguém que fez carreira na chefia de entidades dedicadas ao assassinato e à tortura.

Teme-se que essa nomeação, aliada à proibição de Obama à divulgação de fotos de iraquianos torturados sejam sintomas de uma nova doença que parece estar acometendo a democracia americana : a influência dos militares "duros" nas decisões do governo.

terça-feira, 19 de maio de 2009

NETANIU X OBAMA : QUEM VAI GANHAR ?

Começou a luta do ano. O primeiro round durou 3 horas e os adversários limitaram-se a expor suas idéias, sem responder às do outro.

Parece que, pela primeira vez, um presidente americano decide-se a enfrentar de verdade o establishment israelense e seu poderoso aliado , o AIPAC, o maior lobby pró-Israel dos Estados Unidos, que tem até agora manobrado o Congresso de Washington á sua vontade.

Obama tem por si a maioria dos americanos, a opinião pública de todos os países do mundo (com exceção da Albania ), e uma arma nada desprezível : os dólares, 4 bilhões doados anualmente para o exército judaico. Até agora nenhum ocupante da Casa Branca ousou usá-la, o máximo que o dois Bush e Clinton fizeram foi proclamavam desejo de um estado palestino independente, desde que não ameaçasse a segurança de Israel. Mas ficaram nisso. No frigir dos ovos, combateram todas as dezenas de resoluções da ONU condenatórias da ocupação israelense da Cisjordania, dos ataques ao Libano e a Gaza, dos "assassinatos seletivos" de líderes palestinos ditos terroristas pelo exército de Telavive, do muro de Ariel Sharon, etc

Agora Obama parece disposto a ir muito além da retórica. Não será uma tarefa fácil. A soma das forças de Israel com a AIPAC e os congressistas que se elegeram com o dinheiro do lobby

tem se revelado invencível até agora.

Para que o sonho impossível da paz no Oriente Médio possa acontecer, não basta firmeza e boas intenções. Obama tem de apresentar uma solução para o principal problema: como financiar o reassentamento dos 400 mil colonos judeus da Cisjordania e indenizar os árabes expulsos da Palestina. Os jornais costumam quantificá-los em 700 mil. Isso era no começo de sua diáspora, há 61 anos atrás. Hoje são 4 milhões.

Quem vai fornecer as dezenas, talvez centenas, de bilhões de dólares necessários ?