terça-feira, 30 de junho de 2009

"FEIJÕES PARA OS OBEDIENTES, BALÁZIOS PARA OS OUTROS"

Este era o lema do general Rios Mott, ditador da Guatemala em 1982-1983, um ex-aluno da Escola das Américas. Entre outros militares latino americanos que lá se graduaram estão :- -ditadores, como os generais Galtieri (Argentin), Banzer (Bolivia) e Noriega (Panamá) ;- - os oficiais fundadores da Los Zetas, exercito de mercenários a serviço dos narcotraficantes do Mexico ;-- em El Salvador, Robert d´Aubuisson, chefe da Mano Blanca, que assassinou o arcebispo defensor dos pobres, don Oscar Romero, 3 dos 5 oficiais que assassinaram um grupo de freiras americanas e 19 dos 29 executores de 6 jesuitas ;-- na Guatemala, o general Manuel Callejas, chefe da Inteligência Militar, responsável pela liquidação de milhares de oposicionistas ;- -na Colombia, 105 dos 249 oficiais denunciados por crimes contra o povo pelo Tribunal dos Direitos Humanos.
A Escola das Americas foi fundada em 1946 como uma espécie de pós-graduação em contra insurgência. Para o site liberal americano Third World Traveller :”...seus cursos ensinam militares das nações do terceiro mundo a subverter a verdade, calar líderes sindicais, ativistas clérigos e jornalistas e a fazer guerra a seu próprio povo. Ela os prepara para subjugar as vozes dos dissidentes e submeter os contestadores. Ela os instrui em técnicas para marginalizar os pobres, os famintos e os desapossados. Ela os ensina como acabar com as liberdades e aterrorizar seus próprios concidadãos. Ela os treina para destruir as esperanças de democracia.”
Entre 1946 e 1960,a Escola das Américas treinou mais de 61 mil militares e policiais latino-americanos. Em 1996, foram tornados públicos manuais contendo técnicas sobre informações pelo medo, gratificações por inimigos mortos, torturas, execuções e rapto. Diz o deputado Joseph Kennedy (filho de Bob Kennedy) :”Esses manuais ensinavam táticas que parecem vir de um Gulag soviético e não tem lugar numa sociedade civilizada”. O Pentágono acabou por suprimi-los. Hoje, ela ainda existe mas ,apesar dos seus currículos menos agressivos, grupos liberais americanos insistem no seu fechamento.

HONDURAS : CRIATURAS CONT'RA OS CRIADORES

Fazendeiro próspero e membro do Partido Liberal, Manuel Zelaya deixou seus aliados chocados quando, na presidência deu uma virada. Desdenhou acertar um Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, preferindo entrar na Alba, juntando-se à Venezuela, Cuba, Bolivia, Nicaragua e alguns outros países centro-americanos. Não contente, decretou um grande aumento do misérrimo salário-mínimo do país. Por fim, propôs uma consulta ao povo, não-oficial, sobre uma nova constituição que substituísse a vigente, elaborada sob medida para agradar aos grandes proprietários, como a Chiquita, nome atual da notória United Fruit.
Era inaceitável para os grupos econômicos e seus prepostos militares que dominavam Honduras desde sua independência no século19. Surpresa ! O governo americano fez tudo para convencer esse pessoal, bons amigos desde sempre, a respeitarem o mandato de Zelaya. E, surpresa maior ! Eles não obedeceram.
Como se viu, Obama corretamente condenou o golpe e exigiu o retorno de Zelaya. Talvez lamentando a herança maldita do imperialismo com que ele tem de se haver. No caso, a Escola das Américas, onde se formaram dois dos principais generais que lideraram o golpe.
A Escola das Américas foi fundada pelos Estados Unidos em 1946 com o objetivo de influenciar oficiais do exército e da polícia dos países latino-americanos contra as idéi1as nacionalistas e esquerdistas, além de treiná-los na repressão de movimentos nelas inspirados. Da Escola saíram os mais violentos e sanguinários militares, responsáveis por golpes de estado e assassinatos políticos em quase todos os países latino-americanos.
O pessoal da Escola das Américas atuou com desenvoltura até os últimos anos da Guerra Fria, com exceção do período do presidente Jimmy Carter, quando os Estados Unidos realmente procuraram defender a democracia e os direitos humanos no Continente.
Obama não deseja mais voltar a esses tempos tenebrosos. Mas, para recuperar a democracia em Honduras, condenações verbais não bastam

segunda-feira, 29 de junho de 2009

ADEUS, DIPLOMACIA

Pensando no público interno, Barack Obama desistiu de fumar o cachimbo da paz com os aiatolás e elevou o tom de voz. Abandonando a neutralidade que vinha mantendo, ele condenou severamente a repressão aos protestos da oposição iraniana. Com isso, as coisas esquentaram e a diplomacia, aparentemente, foi para o espaço.
Aconteceu na quinta-feira. E nos días seguintes, a artilharia de Obama disparou. Chamou de”ultrajante” a repressão iraniana. Declarou que Ahmadinejad” “deveria olhar pelas famílias daqueles que ele agrediu, alvejou ou prendeu.”
Finalmente, para a alegria dos rapazes do Partido Republicano, dos lobbies pré-Israel e do próprio Netanyu, que anteviam a volta a política de “todas aas opções estão sobre a mesa”, Obama afirmou que seus planos de discutir as ambições nucleares do Irã, num clima amigável, poderiam se abordar de acordo com a solução da crise iraniana.
O governo do Irã também aabriu fogo. Acusou os Estados Unidos de estarem “pondo lenha na fogueira”, inclusive, financiando as manifestações. Não parece tão absurdo assim, afinal Bush tinha um programa, através da USAID, que distribuía a oposicionistas iranianos 75 milhões de dólares. O objetivo era estimular a democracia, embora esse dinheiro fosse para terroristas que operavam, lançando bombas, assassinando e raptando. Segundo o jornalista, Jason Ditz, do site “anti war”(de 26 de junho), a Casa Branca e o Departamento de Estado seriam favoráveis à reativação desse programa, limitado a 20 milhões de dólares, cujos destinatários seriam líderes da oposição em vez de terroristas.
Indo além, o embaixador do Irã no México, acusou a CIA,ou alguma entidade conexa, de ter matado a jovem vitimada nas manifestações para lançar as culpas sobre o governo. O projétil que a alvejara seria de uma arma de pequena calibre que as forças de segurança não usam. E duas testemunhas, inclusive um amigo da jovem, garantiram que não havia polícia ou “basijis” na área. É inegável que isso levanta dúvidas.
Já no sábado e no domingo, entrou o pessoal do “deixa disso”- os grupos pró negociações pacíficas com o Irã.
O representante de Obama junto aos aiatolás, David Axelrod afirmou que ainda havia chances para a diplomacia. O que Susan Rice, embaixadora dos Estados Unidos na ONU, afirmou “ser do interesse nacional dos Estados Unidos.”

sexta-feira, 26 de junho de 2009

COMERCIO EXTERIOR ARGENTINO VAI BEM

Enquanto o Brasil amarga déficits sucessivos no seu comercio externo, devido ao real valorizado pelo mercado livre (com aplausos do FMI), acontece o contrario na Argentina.
Em maio, houve um superavit recorde, com as exportações superando as importações em 2,478 bilhões de dólares, 140% mais do que no mesmo mês de 2008. No período janeiro/maio de 2009, o saldo foi 8,333 bilhões de dólares, 63% mais do que no mesmo período de 2008.
Esse resultado foi conseguido graças à política de interveção estatal, iniciada por Nestor Kirchner, que manteve o peso desvalorizado, melhorando a competitividade dos productos de exportação argentinos.

PROJETO KIRCHNER EM PERIGO

Domingo, a Argentina elege metade da Câmara e um terço do Senado. E o projeto dos Kirchner, até agora sustentado pela maioria das duas Casas, corre riscos. Nas últimas 5 pesquisas, na provincia de Buenos Aires, o maior colégio eleitoral do país ,com 37% dos votos, o governo obtinha entre 34 e 38% das intenções. A oposição de direita, entre 29 e 34%, a coalizão de radicais e social demócratas, entre 16 e 21% e os demais partidos, inclusive grupos esquerdistas, entre 5 e 8%.. Mantendo-se esse resultado, o governo prcisará do apoio da esquerda para governar. O que não será fácil de conseguir apesar das afinidades ideológicas entre os dois lados. Afinal,o projeto Kirchner é nacionalista, com intervenção estatal na economía, visando a promoção das classes pobres. Mas as relações estão azedadas, os políticos esquerdistas consideram o casal Kirchner populistas e oportunista.
No seu governo, Nestor Kirchner rompeu com o FMI e seus principios neoliberais, forçando a baixa dos juros e a valorização do dólar para facilitar as exportações, e a renegociação da dívida externa em condições extremamente favoráveis. No plano interno, estatizou empresas de serviços públicos que funcionavam mal. Com isso, nos 5 anos do seu mandato, a Argentina cresceu cerca de 50%, o desemprêgo caiu de 20% para 9%e E a pobreza de 54% para 23%.
Sua sucessora, Cristina Kirchner antagonizou-se com as clases empresariais.
Primeiro com os latifundiários. Ela quiz aumentar a taxação sobre as exportações de commodities. A reação foi um locaute que privou as cidades de alimentos de primeira necessidade. Contando com o apoio da maior parte da mídia, os produtores coseguiram jogar a população contra Cristina. A isso somou-se a inflação, que chegou a dois digitos, e uma seca sem precedentes, que reduziu consideravelmente a safra de cereais.Como resultado, no início da campanha eleitoral, a imagen de Cristina estava em forte queda : de 60 para 30%.
Novos problemas surgiram quando Chavez nacionalizou 3 empresas da Technit, maior multinacional do país, e empresarios urbanos de todos os setores reclamaram de uma suposta inércia do governo na defesa dos intereses argentinos. Os protestos se ampliaram quando Cristina forçou a disrtibuidora de energía Edesur a investir seus lucros ao invés de convertê-los em dividendos.
Baseando-se nesses fatos e nas restatizações da Previdência Social e das Aerolineas Argentinas, a oposição de direita passou a atacar o intervencionismo estatal, acoimando-o de chavismo”.
Aparentemente, não pegou bem já que, na semana da eleição, o deputado federal Narvaez, líder dos partidos de direita, numa incrível reviravolta, passou a defender a estatização de todos os serviços públicos e empresas de energia, inclusive a Yacimientos Petrolíferos.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

FLORES NO AFEGANISTÃO.ESPINHOS NO PAQUISTÃO.

O novo comandante das tropas americanas no Afeganistão, general Stanley McChristal, tem um passado pouco recomendável. Ele chefiou o Joint Special Operations Command, unidade secreta (só prestava contas ao ex-vice Cheney), dedicada ao assassinato de inimigos dos Estados Unidos, e o Camp Nama, no Iraque, conhecido por suas violências.
Mas ele se enquadrou nas idéias do presidente Obama ao impor normas altamente restritivas aos bombardeios de aldeias afegãs, que tantos civis vinham vitimando.
Parece que seus propósitos humanitários não passaram a fronteira com o Paquistão. Quem passou foram aviões sem piloto americanos que despejaram bombas sobre uma procissão de enterro. O alvo era Mehsud, importante chefe talibã ,mas ele já tinha saído e quem morreu foram, pelo menos, 80 paquistanis, dos quais só 5 eram talibãs.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

PRESSÕES FAZEM OBAMA ERRAR

O anti-americanismo é generalizado na população do Irã.
Motivos não faltam. Os Estados Unidos foram, em 1953, co-responsáveis por um golpe contra o governo do primeiro-ministro Mossadegh, que acabou com a democracia iraniana. O próprio presidente Obama admitiu isso no discurso do Cairo :”No meio da Guerra Fria,os Estados Unidos desempenharam um papel na derrubada de um governo iraniano democraticamente eleito.”
Esse golpe de estado, executado pelos serviços secretos americanos e ingleses, implantou a ditadura do xá e sua selvagem polícia política.
Em 1980, o governo do presidente Reagan forneceu armas e serviços de inteligência a Saddam Hussein na guerra do Iraque contra o Irã, que fez um milhão de vítimas.
Em 1988, a fragata USS Vincennes, patrulhando o Golfo Pérsico, disparou, por engano, um míssil contra um avião de passageiros iraniano, matando todos a bordo.
Finalmente, em todo o governo Bush, o presidente e outras autoridades civis e militares fartaram-se de, direta ou indiretamente, ameaçar bombardear o Irã. E, com financiamento e assessoria dos serviços de inteligência americanos, atentados terroristas foram realizados no norte do Irã.
Por isso mesmo, para evitar que o movimento pela anulação das eleições fosse marcado com o desfavorável apodo de “americanista”, o presidente Obama manteve-se neutro diante dos acontecimentos de Teerã. No máximo, limitou-se a “deplorar”, evitando condenar o governo do Irã. Mesmo por que não desejava brigar com ele, agora que se esboçava uma melhoria no relacionamento Estados Unidos-Irã.
A reação da direita americana, representada pelo Partido Republicano, os lobbies pró-Israel e parte dos congressistas democratas, com apoio da maioria da mídia, condenou severamente a postura de Obama, tachando-a de “fraca” e covarde. A verdadeira razão é outra : esses grupos não desejam a aproximação dos Estados Unidos com o Irã. Queriam que Obama fosse duro contra o governo dos aiatolás para forçar uma radicalização do atual antagonismo, que tornasse inócua a solução diplomática em favor da linguagem das ameaças e das bombas.
Obama acabou cedendo à pressão. Elevou seu tom de voz, abandonou a neutralidade, chegou até a admitir terem sido as eleições roubadas.
Com isso, enfraqueceu a oposição iraniana, deu motivos para Kamenei e Ahmedinejad rotulá-la de “americanista”. E tornou sombrias as perspectivas de acordo na questão nuclear, que até agora pareciam róseas.

terça-feira, 23 de junho de 2009

DEPOIS DE 9 MESES DE PROIBIÇÃO, O POVO DE GAZA PODE COMER CARNE

Desde setembro do ano passado, o exército de Israel impede que os habitantes de Gaza comam carne. Por motivos inexplicados, este alimento estava entre os itens proibidos de entrarem na cidade. Neste mês, Amos Gilad, o coordenador israelense das atividades em Gaza, autorizou, por fim, o embarque de 350 cabeças de gado. A informação é do jornal israelense Haaretz, que acrescenta dever-se esta liberação á pressão americana para amenizar o sofrimento da população, que continua submetida a um bloqueio desumano

A CRISE AFASTA OS CAPITAIS ESTRANGEIROS DOS PAÍSES EMERGENTES

Deu na edição de hoje (22 de junho) do jornal espanhol El País. Segundo o Banco Mundial, os capitais estrangeiros reduziram sensivelmente seus investimentos nos países em desenvolvimento durante os primeiros anos da crise que assola o mundo.De 850 bilhões de euros, em 2007, foram para 505 bilhões, em 2008, e a 260 bilhões neste ano. Uma queda de 70%. O Banco Mundial prevê graves conseqüências, inclusive riscos de bancarrota dos países de economias mais frágeis e aumentos nas taxas de juros, gerando elevados déficits nas contas públicas

segunda-feira, 22 de junho de 2009

DISPUTA NO IRÃ : ENTRE OS DOIS, ISRAEL BALANÇA

Embora os conflitos no Irã sejam bem vistos em Israel, pois enfraquecem o país islâmico e sua imagem internacional, não há unanimidade sobre qual dos dois candidatos seria melhor.
Shimon Peres, o presidente, prefere Moussawy, e apóia os protestos, afirmando que “os jovens devem erguer sua voz pela liberdade.” Para ele, Ahmadinejad, por sua linha dura, é, evidentemente, muito pior.
Já Meir Dragan, o chefe do serviço secreto israelense, cujo poder é bem maior do que o de Peres (em Israel, o presidente manda pouco), é mais pragmático. Na semana passada, em um painel de legisladores, ele declarou :”Se o candidato reformista Moussawy tivesse vencido, o problema para Israel seria mais sério, porque teríamos de explicar ao mundo o perigo da ameaça iraniana.” segundo Dragan, com Ahmadinejad reeleito, tais explicações se tornariam dispensáveis, tão evidente seria a ameaça que ele representa. .

domingo, 21 de junho de 2009

BAIXAS NA GUERRA DO IRAQUE

Situação em 19 de junho.
Mortos : Soldados americanos : 4.316
Soldados de outras nações : 318
Mercenários : 1.306
Feridos :Soldados americanos : 31.354

MEMORANDO REVELA PLANO BUSH PARA PROVOCAR GUERRA DO IRAQUE

Por pressão da opinião pública, em 15 de junho, o primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, ordenou inquérito sobre a participação inglesa na guerra do Iraque. Alguns dias depois foi revelado um documento oficial altamente comprometedor. Trata-se da memória de uma reunião entre Bush e Blair, em janeiro de 2003, na qual ambos concordavam em invadir o Iraque pois duvidavam de alguma resolução da ONU nesse sentido. Bush revelou então um plano alternativo para provocar a guerra. A idéia era fazer um avião de reconhecimento ,com as cores da ONU, sobrevoar Bagdá. Ele esperava que Saddam Hussein mordesse a isca, alvejando o avião o que justificaria a invasão para a qual os Estados Unidos já estavam preparados. Blair declarou-se solidário com o ex- presidente. O documento foi escrito pelo assessor de política internacional do governo inglês, sir David Manning. Sua autenticidade está sendo considerada acima de qualquer dúvida.

sábado, 20 de junho de 2009

IRÂ ; O LIDER SUPREMO PODE CAIR

A imagem de Kamenei, o líder supremo e autoridade máxima no Irã, foi prejudicada por declarar Ahmadinejad reeleito, mesmo depois das denúncias de fraude. Muitos clérigos moderados, membros da Assembléia dos Experts, e seu presidente, o aiatolá Rafasaniani, criticaram a falta de imparcialidade do líder.
A Assembléia dos Experts é muito poderosa, é ela quem nomeia o líder supremo e pode,inclusive, demiti-lo. Sabe-se que Rafasaniani tem participado ativamente das articulações do movimento de protesto contra as eleições. Ele é considerado um dos pilares da Revolução. Em 1989, era cotado para suceder ao aiatolá Komeini mas preferiu endossar a candidatura de Kamenei, então seu aliado.
Na campanha eleitoral, Rafasaniani foi atacado publicamente por Ahmadinejad por seu apoio ao candidato moderado. Como Kamenei recusou-se a censurar o presidente, Rafasaniani rompeu com ele.
Agora, delineia-se uma luta entre os dois aiatolás, a primeira fissura na revolução iraniana desde quando o aiatolá Komeini assumiu o poder em 1979.
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sexta-feira, 19 de junho de 2009

A TIANAMEN DA AMAZONIA

Assim Stephen Corry, diretor da ong SURVIVAL, chamou os acontecimentos na cidade de Bagua Grande, no Peru amazônico. Ali a polícia ,fortemente armada, entrou em choques com 2.000 manifestantes indígenas.
Segundo as autoridades, morreram 32 pessoas, sendo 23 policiais, mas advogados de direitos humanos peruanos falam em 60 indígenas comprovadamente mortos, além de centenas desaparecidos. Informes vindos da região relatam que as forças de segurança impuseram um toque de recolher e estariam queimando e enterrando índios mortos. Acusando o governo, Ernesto de La Jara, do Instituto de Defesa Legal, declarou :”Corpos mortos podem ser ocultos mas, pouco a pouco, a verdade virá a público e eles terão de responder por isso.”
A crise prende-se à promulgação por Alan Garcia, presidente do Peru, de decretos concedendo vastas áreas no Peru amazônico a empresas estrangeiras para a exploração de gás e petróleo em territórios ancestrais das comunidades indígenas. Nos termos da Constituição, elas deveriam ser consultadas, o que Garcia não fez. Em defesa dos seus direitos, índios de 56 comunidades revoltaram-se, bloqueando rodovias e estradas de ferro.
A violência policial provocou muitos protestos internacionais e passeatas em cidades do Peru. E o Conselho Mundial das Igrejas exigiu uma investigação internacional. Preocupado com as dimensões da questão, Alan Garcia suspendeu os decretos e dispôs-se a discuti-los com as comunidades indígenas.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

ELEIÇÕES NO IRÃ: DÚVIDAS E MAIS DÚVIDAS

Enquanto centenas de milhares de iranianos protestam nas principais cidades do país ,a dúvida que fica é :”Terão eles razão? Moussawy teria obtido a maioria dos votos ?”
De acordo com pesquisa da insuspeita ONG “Terror Free Tomorrow”, realizada em maio, Ahmadinejad ganhou, mesmo. Ele obteve 34% das intenções de voto contra 14% de Moussawy. Números proporcionalmente semelhantes aos resultados oficiais.Mas veja estes outros dados da pesquisa : 49% dos inquiridos estavam indecisos ou não responderam. 60% deles declararam-se a favor de reformas políticas, eleições e imprensa livre, escolha do líder supremo por voto popular e não pelos aiatolás. Em pesquisas anteriores da ONG ,70% dos iraquianos haviam apoiado total acesso dos inspetores às instalações nucleares do país. Em suma, defenderam profundas mudanças no “establishment” representado por Ahmadinejad. Não é exagero supor que a maioria dos que se omitiram na pesquisa votaria em Moussawy. Isso não lhe daria a vitória, mas impediria que Ahmadinejad conseguisse os 51% de votos necessários para levar no primeiro turno.

terça-feira, 16 de junho de 2009

O IRÃ MARCHA PARA A LIBERDADE

Ontem e hoje, terça-feira, 1 milhão de pessoas em Teerã, exigindo a anulação das eleições. Igual só em 1979, quando da queda do xá e ascenção de Komeini. Manifestações assim repetem-se em Isfahan, Ahwaz, Zahedan, Yazd e Mashhad. No começo o governo reagiu violentamente. Fechou a universidade. E os Basiji , milícia partidária de Ahmadinejad, atiraram no povo.Mas hoje ,” os policiais observam os manifestantes e acenam com a cabeça para eles”( Robert Fisk, no The Independent). E a atitude do Supremo Líder Kamenei, aceitando investigar as acusações de fraude, é uma concessão incrível de quem jamais voltou atrás. Provavelmente, o Conselho dos Guardiães não concluirá por fraude pois são parciais, mas a marcha do povo, por um feliz simbolismo, da praça da Revolução à praça da Liberdade, não se interromperá até que o regime mude, com mais democracia, direitos à mulher e leis inspiradas no verdadeiro Islam e não nos desejos de hegemonia dos aiatolás.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

NETANYU:UM PASSO À FRENTE E MUITOS PARA TRÁS

No seu discurso na universidade de Bar-Ilan, em Telavive, Netanyu , pela primeira vez, aceitou a idéia de um estado palestino. A Casa Branca aplaudiu como um “importante passo à frente”. Não é bem assim. O retrocesso em relação às posições dos anteriores governos israelenses foi enorme. Além de reafirmar como pré-condição para discutir a paz a exigência do reconhecimento árabe de Israel como estado sionista,Bibi acrescentou outras : o estado palestino teria de ser desmilitarizado e não poder controlar suas fronteiras e seu espaço aéreo. Não seria, portanto, o “estado viável e independente” que Obama propõe desde sua campanha eleitoral.
Claro, os palestinos rejeitaram. A bola agora está com o presidente americano.

domingo, 14 de junho de 2009

OBAMA VENCE ELEIÇÃO NO ORIENTE

Pouco antes das eleições parlamentares do Libano, o Hisbolá era o favorito. O movimento era muito popular pela sua defesa do país contra a invasão israelense de 2006. O bloco do governo tinha de carregar o peso do apoio dos Estados Unidos, aliados de Israel no episódio da invasão que custara 1.500 vidas civis. Mas, surpresa, foi ele quem venceu. O discurso de Obama no Cairo teve muito a ver com isso. Foi um eficiente comercial, o ápice da campanha de mudança de imagem dos Estados Unidos. Calou fundo sua defesa de um estado palestino, de negociações com o Irã, da paz no Oriente, enfim. Nos últimos 34 anos, os libanses tem sofrido guerras civi; invasões israelenses; intervenções americanas, francesas e sírias ;o massacre de Sabra e Chatila; combates entre governo e milicianos... Preferiram acreditar na paz e nos bons propósitos de Obama.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

AMERICA LATINA: A DIREITA AMEAÇA RECUPERAR POSIÇÕES

A onda esquerdista que elegeu os presidentes da Vnezuela, Argentina, Uruguai, Bolivia, Chile, Brasil, Equador, Nicarágua e El Salvador ameaça refluir.
Na Argentina e no Chile, os governos de centro-esquerda correm risco de serem derrotados nas próximas eleições.
No Chile, Eduardo Frei, o candidato presidencial da Concertação - união dos partidos socialista, radical e democrata cristão, no poder há 20 anos- não é bem visto por amplos setores do seu partido que o consideram “muito mais centro do que esquerda” (Frei é democrata-cristão). Eles lançaram um candidato esquerdista, o socialista Enriquez-Ominami que rapidamente conquistou o eleitorado jovem com sua pregação de mudanças radicais.
Por sua vez, a direita tem um candidato muito forte: o bilionário Sebastián Piñera, dono da LAN Airlines e de uma cadeia de emissoras de TV. Piñera se mostra um conservador moderado, garante que votou contra Pinochet no referendo que afastou o ditador do governo do país. Defende a “mudança”, criticando o imobilismo dos diversos governos da Concertação, que não conseguiram mudar o perfil econômico do Chile, ainda um país dependente da exportação do cobre. Sua candidatura é avalizada pelo apoio do senador Fernando Flores, ex- socialista e ex-ministro de Alllende, que passou 3 anos nos cárceres da ditadura chilena. Conta, ainda, a seu favor com um alto índice de conhecimento junto ao povo, tendo disputado as últimas eleições contra a atual presidente, Michlle Bachelet, da qual perdeu por escasso número de votos.
Por enquanto, o direitista Piñera parece ter mais chances. Bachelet não conseguiu transferir para Frei o seu prestígio (ela está com 67% de aprovação). Por sua vez, Ominami vem crescendo muito.Pesquisa realizada neste mês mostra que : entre abril e junho, Frei foi de 29 para 24% ; Piñera de 36 para 33%; Ominami de 14 para 25%.
Já o projeto nacionalista e popular do Partido Justicialista do casal Kirchner também enfrenta um desafio difícil.
Depois dos anos de glória do governo de Nestor Kirchner que, em apenas 5 anos, aumentou em 50% o PIB nacional, reduziu o desemprego de 21 para 8% , venceu batalhas contra o FMI e o mercado financeiro internacional e promoveu o processo e prisão de militares torturadores, sua sucessora, Cristina Kirchner está diante de uma séria crise.
Ela quis aumentar o imposto das exportações de commodities para aumentar os recursos do estado e manter baixo o valor do peso, facilitando as exportações. Os grandes proprietários rurais não aceitaram e uniram-se contra o governo , promovendo um lock-out que reduziu consideravelmente as receitas públicas.. Pior do que isso : deixou a população das cidades com falta de alimentos. Contando com apoio da mídia, os proprietários rurais convenceram a opinião pública de que o governo era o culpado pelo desabastecimento.
Cristina teve de fazer concessões para conseguir um acordo, mas essa situação havia durado tempo suficiente para lesar seriamente sua imagem.
Logo a seguir com a recessão mundial, novos problemas se sucederam. Uma seca implacável derrubou a safra de soja e de outros cereais. As exportações caíram. A inflação cresceu a níveis muito altos -20% segundo alguns institutos. E Cristina passou a receber ataques de todos os lados – da direita à esquerda radical. Ela chega fragilizada nas eleições parlamentares que se realizarão em 26 de junho.
Mas Nestor Kirchner ainda é um nome muito forte. As pesquisas apontam os candidatos do seu partido na liderança, com 28 e 38% das intenções de voto, enquanto os partidos de centro-direita tem entre 24 e 29% e o partido mais à esquerda, de Elisa Carrión, 21 a 24%.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A EUROPA PENDE PARA A DIREITA.

Neste ano, a direita está acentuando seu domínio na Europa. Ela venceu nas eleições do parlamento europeu ,em quase todos os países do continente, e nas municipais inglesas.
Além disso, as pesquisas colocam seus partidos na liderança das intenções de voto nas nações mais importantes : Inglaterra, Italia, Alemanha e Fança. Somente em uns poucos países periféricos ,como a Croácia, a esquerda está na frente.
Há causas gerais para esta “ouverture a la droite” e algumas específicas que variam localmente.
Na Europa os governos de centro-esquerda pouco se diferenciaram dos direitistas, perfilhando grande parte da plataforma neoliberal. O Partido Social Democrata Alemão chega a participar da coalizão liderada pela primeira-ministra democrata-cristã conservadora Angela Merkel.
Com isso, há uma descaracterização da esquerda, que se aproxima da direita. Entre o original e a cópia, a opção do eleitorado torna-se óbvia.
Some-se os efeitos do desemprego crescente, consequente da recessão, que levou os europeus a verem os estrangeiros com hostilidade, temendo sua concorrência no mercado de trabalho. E a apoiar muitos políticos de extrema direita, todos anti-imigração.
O s fatos seguintes são ilustrativos. Cerca de 20% dos deputados foram eleitos pelo voto xenófobo. Como Nick Griffin (Inglaterra), favorável à repatriação dos imigrantes ; Kristina Morvai (Hungria), contra os ciganos ; Heinz Christian Strache (Austria) ,anti-Islam e anti-semita ; Umberto BossI (Italia), por leis anti-imigração mais severas. E mais : na Dinamarca, o partido xenófobo simplesmente dobrou sua votação.
Sem novas idéias, nem líderes de envergadura, capazes de sensibilizar o povo, a esquerda não está conseguindo se opor à maré direitista.
Assim, na França, Sarkosy, apesar de mal avaliado pelo público, ainda é considerado o melhor candidato para 2012. Na última pesquisa, recebeu 24% contra 21% da socialista Segouléme.
O carismático Berlusconi, com o poder de suas redes de jornais e TVs, ganharia as eleições parlamentares se fossem hoje : 53% x 34%, da coalizão de centro-esquerda.
Com o dinâmico David Cameron, o Partido Conservador inglês aproximou-se do centro, apoiando posições de grande apelo popular como os investimentos sociais. O inseguro e frio Gordon Brown, que manteve o Reino Unido inserido na economia americana e caudatário da política externa de Bush, não é páreo para ele. Ainda mais depois da revelação do escândalo do uso dos dinheiros públicos que originou a queda de 10 ministros . Desmoralizado e desnaturado, o Partido Trabalhista está em vias de perder o poder. O que é vaticinado pelos resultados da última pesquisa : conservadores 37%, partidos pequenos 23%, trabalhistas 21 e liberais 19%..
.Por fim, na Alemanha, na mais recente pesquisa de intenção de votos para o parlamento alemão, os democratas cristãos ganharam dos socialistas por 35 a 24%.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

IRAQUE :DAQUI NÃO SAIO

Nos termos do SOFA, acordo firmado com o governo do Iraque para o fim da ocupação, as tropas americanas deverão deixar suas bases nas cidades até 30 de junho, deslocando-se para o interior.
O general Odierno, comandante em chefe americano, acaba de assegurar que esse prazo será respeitado religiosamente.
Mas as coisas não são bem assim.
Na semana passada, o exército informou que continuaria em Bagdá Sul pois, num curioso raciocínio geográfico, essa região não faria parte de Bagdá e, como não se tratava de uma cidade, ficaria fora das áreas a serem desocupadas.
E hoje, o próprio general Odierno, se contradisse.Segundo ele, o exército americano continuará estabelecido também em Sadr City, um subúrbio de Bagdá, centro do poder de Al Sadr, o líder insurgente cuja milícia enfrentou o exército americano nas ruas de Najaf, Faluja , Bagdá e outras cidades. A milícia de Al Sadr, o chamado exército Mehdi, já recolheu as armas, convencido da inutilidade de combater os exércitos dos Estados Unidos e do governo a iraquiano juntos e ingressou no jogo político oficial. Mas, you never know, vai que eles decidam voltar às armas... Ad cautelam o comando americano optou por manter suas tropas em Sadr City, contra o disposto no SOFA. Aliás, segundo fontes do exército, haverá outras violações desse tipo. Em mais 14 cidades, os soldados americanos permanecerão , alegando , que é para “aconselhar” os oficiais do ira que e treinar seus solfdados.
Esse desrespeito a um tratado firmado entre dois países não está sendo feito à revelia do governo de Bagdá. Embora o primeiro-ministro iraquiano proteste e exija o cumprimento dos artigos do SOFA, na verdade, ele quer que os soldados americanos permaneçam nas cidades não só para dispor de mais força para combater os terroristas e os insurgentes, mas também para pressionar a oposição.
O mais grave é que regras do SOFA estão sendo descumpridas pelos Estados Unidos pela segunda vez em apenas 5 meses de vigência do tratado. Recorde-se que a primeira violação ocorreu há um mês quando tropas americanas atacaram uma casa, presumivelmente cheia de militantes da Al Qaeda, sem a autorização das autoridades iraquianas como preceitua o SOFA. Registre-se que, além da violar o tratado, a ação americana foi totalmente furada, matando um inocente, prendendo outro e ferindo vários. Nenhum era terrorista.
Esta sem cerimônia com que os militares americanos ignoram o SOFA fazem temer que seu objetivo final – a retirada em dezembro de 2010 – não seja cumprido.
O próprio chefe das forças armadas americanas no Iraque, o general Casey, confirmou estas apreensões quando declarou que “o mundo segue perigoso e imprevisível”, sendo lógico que o exército de Tio Sam permaneça no Iraque por mais uma década. Na ocasião ele apressou-se a iacrescentar que não lhe caberia a tomada de decisões sobre a política do país..
Aí foi modesto ou talvez cínico. Desde a posse de Obama, os generais tem pressionado e conseguido importantes concessões, como o prolongamento do prazo de retirada do Iraque ,dos prometidos 16 meses para 2 anos, e a nomeação para o Afeganistão de um chefe militar “duro” , ex-comandante do Camp Nama, onde se torturava até mesmo meros suspeitos
Com base nisso tudo, é razoável supor que os militares pressionarão Obama para permanecer mais tempo no Iraque.
Será mais um desafio a ser vencido, vital para que o presidente mostrar a que veio..

PALESTINA : O DRAMA DE GAZA CONTINUA

Condoídos (e talvez sentindo-se culpados) pelo massacre de Gaza, os Estados Unidos , países árabes aliados da Casa Branca e a Europa prometeram cerca de 3 bilhões e dólares para a recuperação da região.

“Dinheiro é muito importante mas não vai resolver o problema a não ser que a comunidade internacional pressione Israel para abrir as fronteiras de Gaza”, ponderou Gasser Abdel-Razek, porta-voz da ONG, Oxfam Internacional.
Sim, por que, não contentes em matar mais de 1.500 pessoas, a maioria civis, e destruir ou danificar seriamente 15.000 casas, além de escolas, hospitais,lojas, fábricas,usinas e oficinas, Israel continua bloqueando Gaza, 4 meses depois do fim da guerra.

Nada entra ou sai sem autorização do seu exército Alimentos pode, mas com severas limitações. Recentemente, a massa para macarrão foi proibida...
Já materiais de construção, peças de reposição e equipamentos necessários à reconstrução da cidade ,que as bombas e mísseis israelenses transformaram em ruínas, não passam de jeito nenhum.
“Definitivamente, não queremos ver a boa vontade da comunidade internacional explorada pelo Hamas e ser aproveitada por seus objetivos extremistas”, trovejou Mark Regev, em nome do governo de Telavive.
Diz temer que os rebeldes usem o cimento, o aço e os ferros proibidos para produzir foguetes...

Foi inútil Wood, representante do Departamento de Estado americano, explicar que “o Hamas não veria nem um centavo do dinheiro das doações.”
Por que o objetivo do governo de Netanyu é levar a comunidade de Gaza ao desespero – faminta e sem empregos, sem teto, sem assistência médica aceitável sem escolas, com serviços de energia elétrica e água precários– para que ela se volte contra o Hamas, culpando-o por sua infelicidade.

Tendo esse objetivo presente, na semana passada, o bloqueio foi reforçado. Israel decretou que “por razões de segurança”, não poderiam haver plantações, construções e criação de animais numa faixa de 300 metros ao logo de toda a fronteira. Com isso, de acordo com a ONU, foram transformadas em deserto 30% das terras aráveis de Gaza. Dezenas de fazendeiros desavisados, que penetraram nessa “faixa de segurança”, foram mortos ou feridos pelos soldados. E: tornou-se ainda mais grave a crise da falta de alimentos na região.

Mas, dificilmente o drama de Gaza terá o fim que Israel almeja.
A tendência é que aconteça justamente o contrário. O sofrimento costuma gerar um ódio cada vez maior aos algozes. E resultará num inevitável crescimento do prestígio dos únicos que nesta terrível situação tem procurado ajudar o povo de Gaza, ou seja, o Hamas.

Enquanto isso, a comunidade internacional parece ter se contentado em prometer os recursos capazes de salvar Gaza.
Pouco tem feito para forçar Israel a se comportar de uma forma humana, permitindo que esses recursos possam ser devidamente usados.
Prefere fazer de conta que Gaza não existe.
É a solução do avestruz, a mesma que o povo alemão adotou quando preferiu ignorar o que os nazistas estavam fazendo com os judeus.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Estados Unidos :VALE À PENA TORTURAR ?

Apesar de seus esforços iniciais em unir todos os americanos, Obama tem demonstrado que, na verdade, ele veio para dividir.
E é bom que seja assim.
Não dá mesmo pra compor com os direitistas do Partido Republicano, os fundamentalistas cristão, os “new cons”e os “lobbies” pró-Israel, entre outros.
Natural que as primeiras “mudanças” do presidente provocassem a violenta oposição de uma parte desses opositores inevitáveis.
A abolição de todas as formas de torturas e o fechamento de Guantanamo estão sendo alvo de uma verdadeira campanha nacional.
Seu líder óbvio é o vice-presidente Cheiney, o falcão mais agressivo do governo Bush.
Em entrevistas, discursos e artigos, Cheney inicalmente contesta que o “Waterboarding”, que simula, com muito realismo aliás, o afogamento da vítima, seja uma forma de tortura. Prefere o termo “interrogatório incrementado”, usado aliás para outras práticas similares.
Cheney admite que talvez aí a moral esteja sendo, digamos, arranhada. Mas entre isso e a segurança da população, ele fica com a segurança. Por que Cheney afirma que , através do “waterboarding” e outros “interrogatórios incrementados”, obtiveram-se informações que salvaram a vida de milhares de americanos.
Obama e seus aliados, inclusive ex-funcionários arrependidos da CIA, respondem que os pacientes submetidos ao”tratamento” defendido por Cheney, quando inocentes, costumam confessar logo, para fugir ao sofrimento, fazendo afirmações aleatórias e falsas, prejudicando as investigações.
Além disso, uma política de torturas, de um lado mancha a reputação do governo, constrangendo e mesmo afastando aliados, de outro lado, aumentaria o ódio contra os americanos, pois atua como agente motivador do recrutamento de jovens para o terror.
Inquirido sobre o que considera “interrogatórios incrementados”, Cheney esclareceu que seriam aqueles que não podem causar a morte ou sérios danos físicos nos suspeitos. O “waterboarding”, portanto, estaria enquadrado nesta definição.
O estupro também. Talvez, por isso, ele fosse incluído entre as técnicas de “interrogatório incrementado” praticado nos tempos de Bush conforme fotos e vídeos de Abu Ghraib não revelados publicamente pelo exército americano.
Soube-se o que este material continha quando Seymour Hersh, o mesmo repórter que denunciou o massacre de My Lai, contou numa palestra, em 4 de julho de 2004: as mulheres internadas em Abu Ghraib conseguiram passar cartas a seus maridos pedindo que as matassem “por causa do que aconteceu”. E o que aconteceu, devidamente gravado, foi que elas e os filhos também presos foram sodomizados pelos guardas.
Especula-se que as fotos e vídeos de “interrogatórios incrementados” realizados pelo pessoal de Bush, cuja publicação acaba de ser proibida por Obama, sejam do mesmo tipo. De fato, sabe-se que ele atendeu a exigências do primeiro-ministro Maliki. Segundo o iraquiano, esse material iria desencadear um tal ódio na população árabe que detonaria uma explosão de ataques contra os soldados americanos, além de estimular a adesão aos movimentos terroristas. Apesar de sua posição firmemente favorável á transparência, Obama concordou, o conteúdo do material deveria ser mesmo extremamente sórdido.
Sintonizada com a campanha contra a proibição de torturas, está ocorrendo também uma reação organizada ao fechamento de Guantanamo. O último ataque partiu do Pentágono. Segundo suas pesquisas,17% dos prisioneiros libertados de Guantanamo “retornaram à luta armada” ou, pelo menos, ingressaram em movimentos ideologicamente anti-americanos. Não informam quantos pertencem à segunda categoria os quais, convenhamos, pouca periculosidade representam para a segurança do povo americano.
A resposta dos círculos liberais foi pronta. Uma investigação realizada pela McClachy mostrou que uma impressionante maioria dos detentos de Guantanamo, aprisionados no Afeganistão e no Paquistão (a maioria da população carcerária veio desses países), eram inocentes ou opositores sem importância.