quarta-feira, 24 de junho de 2009

PRESSÕES FAZEM OBAMA ERRAR

O anti-americanismo é generalizado na população do Irã.
Motivos não faltam. Os Estados Unidos foram, em 1953, co-responsáveis por um golpe contra o governo do primeiro-ministro Mossadegh, que acabou com a democracia iraniana. O próprio presidente Obama admitiu isso no discurso do Cairo :”No meio da Guerra Fria,os Estados Unidos desempenharam um papel na derrubada de um governo iraniano democraticamente eleito.”
Esse golpe de estado, executado pelos serviços secretos americanos e ingleses, implantou a ditadura do xá e sua selvagem polícia política.
Em 1980, o governo do presidente Reagan forneceu armas e serviços de inteligência a Saddam Hussein na guerra do Iraque contra o Irã, que fez um milhão de vítimas.
Em 1988, a fragata USS Vincennes, patrulhando o Golfo Pérsico, disparou, por engano, um míssil contra um avião de passageiros iraniano, matando todos a bordo.
Finalmente, em todo o governo Bush, o presidente e outras autoridades civis e militares fartaram-se de, direta ou indiretamente, ameaçar bombardear o Irã. E, com financiamento e assessoria dos serviços de inteligência americanos, atentados terroristas foram realizados no norte do Irã.
Por isso mesmo, para evitar que o movimento pela anulação das eleições fosse marcado com o desfavorável apodo de “americanista”, o presidente Obama manteve-se neutro diante dos acontecimentos de Teerã. No máximo, limitou-se a “deplorar”, evitando condenar o governo do Irã. Mesmo por que não desejava brigar com ele, agora que se esboçava uma melhoria no relacionamento Estados Unidos-Irã.
A reação da direita americana, representada pelo Partido Republicano, os lobbies pró-Israel e parte dos congressistas democratas, com apoio da maioria da mídia, condenou severamente a postura de Obama, tachando-a de “fraca” e covarde. A verdadeira razão é outra : esses grupos não desejam a aproximação dos Estados Unidos com o Irã. Queriam que Obama fosse duro contra o governo dos aiatolás para forçar uma radicalização do atual antagonismo, que tornasse inócua a solução diplomática em favor da linguagem das ameaças e das bombas.
Obama acabou cedendo à pressão. Elevou seu tom de voz, abandonou a neutralidade, chegou até a admitir terem sido as eleições roubadas.
Com isso, enfraqueceu a oposição iraniana, deu motivos para Kamenei e Ahmedinejad rotulá-la de “americanista”. E tornou sombrias as perspectivas de acordo na questão nuclear, que até agora pareciam róseas.

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