terça-feira, 9 de junho de 2009

Estados Unidos :VALE À PENA TORTURAR ?

Apesar de seus esforços iniciais em unir todos os americanos, Obama tem demonstrado que, na verdade, ele veio para dividir.
E é bom que seja assim.
Não dá mesmo pra compor com os direitistas do Partido Republicano, os fundamentalistas cristão, os “new cons”e os “lobbies” pró-Israel, entre outros.
Natural que as primeiras “mudanças” do presidente provocassem a violenta oposição de uma parte desses opositores inevitáveis.
A abolição de todas as formas de torturas e o fechamento de Guantanamo estão sendo alvo de uma verdadeira campanha nacional.
Seu líder óbvio é o vice-presidente Cheiney, o falcão mais agressivo do governo Bush.
Em entrevistas, discursos e artigos, Cheney inicalmente contesta que o “Waterboarding”, que simula, com muito realismo aliás, o afogamento da vítima, seja uma forma de tortura. Prefere o termo “interrogatório incrementado”, usado aliás para outras práticas similares.
Cheney admite que talvez aí a moral esteja sendo, digamos, arranhada. Mas entre isso e a segurança da população, ele fica com a segurança. Por que Cheney afirma que , através do “waterboarding” e outros “interrogatórios incrementados”, obtiveram-se informações que salvaram a vida de milhares de americanos.
Obama e seus aliados, inclusive ex-funcionários arrependidos da CIA, respondem que os pacientes submetidos ao”tratamento” defendido por Cheney, quando inocentes, costumam confessar logo, para fugir ao sofrimento, fazendo afirmações aleatórias e falsas, prejudicando as investigações.
Além disso, uma política de torturas, de um lado mancha a reputação do governo, constrangendo e mesmo afastando aliados, de outro lado, aumentaria o ódio contra os americanos, pois atua como agente motivador do recrutamento de jovens para o terror.
Inquirido sobre o que considera “interrogatórios incrementados”, Cheney esclareceu que seriam aqueles que não podem causar a morte ou sérios danos físicos nos suspeitos. O “waterboarding”, portanto, estaria enquadrado nesta definição.
O estupro também. Talvez, por isso, ele fosse incluído entre as técnicas de “interrogatório incrementado” praticado nos tempos de Bush conforme fotos e vídeos de Abu Ghraib não revelados publicamente pelo exército americano.
Soube-se o que este material continha quando Seymour Hersh, o mesmo repórter que denunciou o massacre de My Lai, contou numa palestra, em 4 de julho de 2004: as mulheres internadas em Abu Ghraib conseguiram passar cartas a seus maridos pedindo que as matassem “por causa do que aconteceu”. E o que aconteceu, devidamente gravado, foi que elas e os filhos também presos foram sodomizados pelos guardas.
Especula-se que as fotos e vídeos de “interrogatórios incrementados” realizados pelo pessoal de Bush, cuja publicação acaba de ser proibida por Obama, sejam do mesmo tipo. De fato, sabe-se que ele atendeu a exigências do primeiro-ministro Maliki. Segundo o iraquiano, esse material iria desencadear um tal ódio na população árabe que detonaria uma explosão de ataques contra os soldados americanos, além de estimular a adesão aos movimentos terroristas. Apesar de sua posição firmemente favorável á transparência, Obama concordou, o conteúdo do material deveria ser mesmo extremamente sórdido.
Sintonizada com a campanha contra a proibição de torturas, está ocorrendo também uma reação organizada ao fechamento de Guantanamo. O último ataque partiu do Pentágono. Segundo suas pesquisas,17% dos prisioneiros libertados de Guantanamo “retornaram à luta armada” ou, pelo menos, ingressaram em movimentos ideologicamente anti-americanos. Não informam quantos pertencem à segunda categoria os quais, convenhamos, pouca periculosidade representam para a segurança do povo americano.
A resposta dos círculos liberais foi pronta. Uma investigação realizada pela McClachy mostrou que uma impressionante maioria dos detentos de Guantanamo, aprisionados no Afeganistão e no Paquistão (a maioria da população carcerária veio desses países), eram inocentes ou opositores sem importância.

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