terça-feira, 8 de setembro de 2009

PALESTINA: UM PLANO DE PAZ INACEITÁVEL

O “Mapa da Estrada” é um plano elaborado, em 2003, por um quarteto de entidades- ONU, Russia, EUA e União Européia – para ser o ponto de partida para um acordo de paz que resultaria na criação de um estado palestino ao lado do estado de Israel. Ele foi aceito por árabes e judeus.
Em sua primeira fase, estabelecia que os árabes cessariam suas atividades terroristas e os israelenses congelariam os assentamentos.
Em junho, no discurso do Cairo, Obama declarou :”A situação para o povo palestino é intolerável. As obrigações com que as partes concordaram sob o “Mapa da Estrada” são claras. Para a paz chegar, é tempo para nós – e todos nós – assumirmos nossas responsabilidades.”
Os árabes assumiram, os atentados terroristas pararam.
Mas os israelenses, não.
O primeiro=ministro Netanyu concordou com um congelamento apenas parcial – as obras de 2.500 edifícios em construção continuarão assim como mais 500 que se achavam em planejamento- e temporário – deverá acabar entre 6 e 9 meses. E ainda deixou bem claro que esse congelamento só atingiria a Cisjordânia já que as novas construções em Jerusalem Oriental não seriam interrompidas.
Os EUA protestaram : a continuidade dessas construções em andamento ou planejamento seriam “inconsistentes” com as obrigações anteriormente assumidas por Israel com o”Mapa da Estrada”.
George Mitchel, o enviado de Obama para mediar a paz na Palestina, irá no fim de semana a Israel para concluir um acordo para o início das conversações entre árabes e judeus.
Recorda-se que, confiando em que Netanyu acabaria cedendo, o governo Obama pressionou diversos países árabes para ,em troca do congelamento (que ele previa total e duradouro), aceitarem concessões como permissão para vôos da El Al sobre os territórios deles, abertura de escritórios comerciais israelenses e diversas medidas preparatórias do estabelecimento de relações diplomáticas.
A Arábia Saudita, principal aliado dos EUA na região, contestou tudo isso mas informa-se que diversos governos árabes haviam concordado, em princípio.
Ninguém duvida que Netanyu irá manter sua posição. Ele se sente forte, as pesquisas internas mostram que o povo de Israel apóia sua atitude. Os partidos da sua base aliada, de extrema-direita, estão com ele. E, nos EUA, a maioria do Senado acaba de aprovar uma solicitação a Obama para que pressione os países árabes a fazerem concessões.
E agora, o que fará Obama ?Se ele concordar com um acordo nos termos propostos por Netanyu estará renegando o discurso do Cairo e a aproximação que deseja com o mundo islâmico.
Se recusar-se, tudo volta à estaca zero. O que provavelmente, em qualquer hipótese, acabará acontecendo, já que mesmo os palestinos moderados jamais aceitarão iniciar negociações de paz de maneira tão desfavorável.

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