quarta-feira, 4 de novembro de 2009

CONSUMMATUM EST

"¿Está de acuerdo que en las elecciones generales de 2009 se instale una cuarta urna en la cual el pueblo decida la convocatoria a una asamblea nacional constituyente? = Sí…….ó………..No"
Este era o texto da cédula do referendo que causou o “impeachment” do presidente Zelaya. Por acaso, há aí qualquer menção à possibilidade dele ser reeleito?
Pelo que está escrito, o povo decidiria se nas próximas eleições do mês que vem, haveria uma urna para se votar pró ou contra a convocação de uma assembléia constituinte.
No entanto, a Justiça e o Congresso hondurenhos enxergaram de outro modo. Segundo eleso que se propunha era um segundo mandato para Zelaya, o que seria proibido pela Constituição e legalizaria o afastamento “manu militari” do presidente.,
O presidente Obama e a secretária Hillary condenaram a defenestração do presidente mas tomaram cuidado em jamais usar o termo “golpe militar”. Se tivessem usado, de acordo com as leis dos EUA, teriam de cortar toda ajuda e relações, inclusive comerciais, com Honduras. O que seria desastroso para os golpistas.
E isso, eles não queriam.
Seus objetivos eram bem outros..
De um lado, marcar nova uma imagem democrática e respeitadora do direito internacional para os EUA de Obama.
De outro, manter o governo golpista durante o tempo necessário para garantir a vitória de um candidato à presidência apoiado pela elite local e seus seguidores, os militares –tradicionais aliados da Casa Branca. Com ele no poder, Honduras acabaria abandonando a Alba e não se pensaria mais em nova Constituição – que eram, na verdade, os principais demônios a serem exorcizados.
De fato, a saída da ALBA enfraqueceria o incômodo Chavez. E a Constituição que Zelaya pretendia – com reformas sociais, econômicas e políticas, favoreceria as classes pobres e cortaria as azas dos grandes proprietários e das empresas americanas, como aconteceu na Bolívia, Venezuela e Equador, recentemente.
Tudo funcionou com precisão.
O governo Obama insistiu em soluções diplomáticas, limitando-se a efetuar algumas sanções cosméticas que, é claro, não comoveram os golpistas hondurenhos.
Finalmente, há 1 mês e pouco das eleições, Washington falou grosso e os golpistas acabaram aceitando a volta de Zelaya. Mas sob condições.
Zelaya teria de aceitar que sua volta fosse aprovada por um dos poderes locais. O presidente topou, escolhendo o Congresso.
E caiu na armadilha.
Em caso de rejeição, sua causa ficaria consideravelmente enfraquecida. Talvez em definitivo.
Sendo aprovado, problema nenhum para Obama e seus aliados da direita hondurenha pois não haveria tempo hábil para Zelaya influir na campanha eleitoral, viabilizando uma candidatura forte, de um seguidos de suas idéias. Ainda mais por que teria de carregar o ônus de um “governo de unidade” (outra condição do “acordo”), recheado de adversários que não o deixariam em paz.
Assim está terminando mais um triste episódio da História da América Latina, com a vitória de Barack Obama. Em toda a linha. Conseguiu o resultado político que almejava e saiu com uma imagem irretocável.
Vale lembrar o que Evo Morales disse há alguns meses atrás. Obama e Bush seriam iguais nas suas relações com a América Latina. A diferença estaria nos métodos.
Na ocasião, achei exagerado.
Agora, não sei, não.

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