segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SERÁ QUE O PESSOAL DA FOLHA LÊ A FOLHA?

Em 20 de novembro, a Folha publicou uma entrevista com Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Palestina. As manchetes eram: ABBAS QUER QUE LULA DÊ RECADO A TEERÃ. LIDER PALESTINO PEDIRÁ AO BRASIL QUE INTERCEDA JUNTO AO PRESIDENTE DO IRÃ POR FIM DE APOIO AO GRUPO RADICALISLÂMICO HAMAS
Na abertura, o repórter Samy Adghirni, repetiu a mesma coisa.
Lendo o texto da entrevista, surpresa! Na resposta à pergunta da Folha sobre as benesses do Irã ao Hamas, Abbas disse apenas isto: ”Sim. O Irã apóia o Hamas com dinheiro. Espero que ele (Lula) possa dizer (a Ahmadinejad) algumas coisas a respeito de tudo o que acontece no Oriente Médio. Acho que o Presidente o fará.”
Onde está o pedido para o Irã parar de ajudar o Hamas ?
Estranho. Aparentemente, o próprio autor da entrevista não leu seu texto. Nem Clovis Rossi, em crônica publicada no dia seguinte na qual repetiu a informação errada.
Comeram barriga também o editor de política internacional – que deixou sair uma manchete mentirosa. E o ombudsman que não corrigiu o erro clamoroso.
Na verdade, se todos esses jornalistas lessem jornais internacionais sérios, como o Independent ou o Guardian de Londres, saberiam que Hamas e Fatá estão discutindo um acordo de paz. Sendo líder do Fatá, Abbas não iria arriscar esse entendimento, tentando prejudicar o Hamas publicamente.
Ou o pessoal da Folha não lê a Folha ou, o que é pior, lê sim o que mostra que não é só com o leitor que o jornal tem o rabo preso.