segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PRESSÃO CONTRA RELATÓRIO SOBRE ATROCIDADES EM GAZA

O relatório da Comissão da ONU que investigou a guerra de Gaza provocou o furor de Israel. Seu exército fôra condenado por crimes de guerra e contra a humanidade. O Hamas também foi, mas de forma muito mais leve.
Submetido ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, aconteceu uma surpresa. Obama, que havia jurado amizade aos islâmicos, pressionou a Autoridade Palestina para retirar seu apoio ao relatório. O argumento foi a ameaça de Netanyu de cortar quaisquer negociações sobre a Palestina caso seu país fosse condenado. Abbas, o presidente da Autoridade Palestina, cedeu. Sem seu endosso, os demais países-membros resolveram adiar a discussão por 6 meses para poderem analisar melhor o assunto.
Foi mais uma vitória do Netanyu.E também mais uma demonstração de que Obama acaba sempre se curvando diante das forças que dão suporte aos interesses israelenses nos Estados Unidos.
Ele até parecia que poderia se impor quando repetidas vezes exigiu a interrupção da construção de assentamentos na Cisjordânia, como pré-condição para se iniciarem as negociações da solução do problema palestino. Tinha força para isso. Se os EUA cortassem os bilhões de ajuda anuais a Israel e sua eterna defesa no Conselho de Segurança contra as constantes transgressões ao Direito internaqiconal do governo de Telaviv, este teria de ceder.
Todos sabem o que aconteceu. Netanyu manteve firmemente sua oposição à redução dos assentamentos. Obama ficou na retórica e acabou concordando com negociações sem mexer nos assentamentos. Pressionando por sua vez Abbas, este também aceitou. E, quando Netanyu ameaçou desistir das negociações caso o relatório fosse votado, pressionou novamente Abbas, que mais uma vez, rendeu-se, pensando em preservar as negociações.
O que é uma ilusão. Netanyu e seus aliados já declararam repetidas vezes que não entregarão 1 milímetro de terras ocupadas por judeus na Cisjordania e em Jerusalém Oriental, nem permitirão a volta das centenas de milhares de famílias palestinas expulsas de suas casas e terras, quando da criação do estado de Israel.
Nretanyu já sabe o que fazer. A experiência lhe mostrou que basta ficar firme e manter sua posição para sair ganhando..
A tendência é que Obama se conforme e force a Autoridade Palestina a aceitar migalhas, ou seja,. os batustões hoje ocupados por árabes:, regiões sem água, sem ligação entre si, com estradas controladas pelo exército israelense, a economia totalmente dependente de Israel. Um estado frágil, sem exército e sem controle do espaço aéreo, como já estabeleceu o primeiro ministro israelense.
No episódio do Conselho de Direitos Humanos da ONU,a atitude submissa de Abbas causou grandes reações, tanto do Hamas, quanto do próprio Fatá liderado por ele.
A principio o presidente da Autoridade Palestina repetiu a desculpa usada para adiar a discussão do relatório : mais tempo para analisá-lo. Como não pegou, assumiu o erro, culpando, porém, seus assessores que o teriam convencido que retirar seu apoio seria mais realista.
Como se sabe, no fim deste mês, Hamas e Fatá se reunião buscando a unidade. Há uma perspectiva da liderança do grupo unido não ficar nas mãos de Abbas, enfraquecido pelo episódio do Conselho dos Direitos Humanos. Poderá haver então um evolução substancial no movimento palestino como um todo.
Por enquanto, não parece que os árabes voltarão ao terrorismo. Mas certamente eles passarão a exigir o que tem direito: o cumprimento do chamado Mapa do Caminho, que determina, em sua primeira fase, que os árabes interrompessem suas ações bélicas (o que já foi feito), e os israelenses seus assentamentos.
Se isso acontecer, como então ficará Obama ?

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